Crianças ricas X Crianças pobres: programação infantil nas TVs ampliam o fosso.

Mais um canal infantil brasileiro entra na grade da TV Paga. Agora é o ZooMoo, distribuída na Sky.

Junta-se ao Gloob, das organizações Globo, e TV Ra-Tim-Bum, da Fundação Padre Anchieta.

Dos de fora, vários muito bons (no sentido de boa programação voltada para o entretenimento E educação) como Discovery Kids e Disney Júnior. Outros apenas bons canais de entretenimento como Cartoon e Nick. E outros que, por favor, que deviam repensar sua grade, como Disney XD, tamanha a distribuição de violência e frivolidade gratuita na maioria dos seus programas. Mas, vá lá, é melhor ter mais canais infantis do que canais de venda ou de luta.

Comemoração deve ser feita com a entrada do ZooMoo. Afinal, temos mais uma janela para a produção tupiniquim - que tem crescido e é de excelente qualidade como provam os Peixonauta e Amigãozão espalhados pelas grades nacionais e internacionais.

Por se dirigir a um público ainda pré-escolar, melhor ainda pois essa função acaba ficando apenas para o Discovery Kids e Disney Júnior, e, convenhamos, a porta de entrada define um bocado os gostos do que se vai desejar ver depois. Então melhor que tenha uma pegada verde-amarela.

Como o maior público da TV paga, as crianças fazem de seus canais os mais vistos, apenas abaixo da repetição das emissoras abertas. Nas pesquisas especializadas, até os colocam em levantamentos específicos para não humilhar os números dos canais adultos. Isso tem um bom sinal: prova que criança gosta de programas para crianças e não de novela, telejornais, filmes fora da sua faixa etária como alguns educadores afirmam ao demonizar a TV. Se eles assistem, de duas uma: ou porque não têm opção ou porque é a maneira mais fácil de estabelecer uma relação com seus adultos (que, por sinal, é muito triste!).

A má notícia é que a entrada do ZooMoo só reforça a tendência das emissoras abertas em abrir mão da programação infantil. A Globo, a mais maciça audiência, foi desidratando ao longo dos anos até o golpe final ao tirar a TV Globinho para colocar Fátima Bernardes. Mesmo que não fosse uma programação preocupada com a educação, TV Globinho ainda assim tinha um conjunto de desenhos que divertia e onde as crianças poderiam se encontrar.

Como a TV paga ainda está longe de se popularizar - mesmo com a entrada de parte da classe C - hoje as crianças simplesmente não tem o que assistir. Como isso não existe - criança em ociosidade - vão ver programas adultos, inapropriados para a sua idade.

Justiça seja feita a TV Brasil e, em alguma medida, ao SBT. Essa última ainda oferece boas opções, mas a primeira dedica boa parte de sua programação diurna, como um oásis na programação brasileira. Com produções que unem o entretenimento E a educação, seria perfeita se chegasse na casa das pessoas, o que está ainda mais longe de acontecer do que a TV paga!

Por fim, eis o resultado final: crianças de família de poder aquisitivo alto têm inúmeras opções de qualidade na televisão. Crianças pobres, mais uma vez, ficam expostas às mazelas de uma programação inapropriada para o seu desenvolvimento, mesmo que não a deseje.

É justo? É disso que falamos quando imploramos por uma vigilância maior da sociedade sobre as concessões públicas de televisão - seja por legislação, seja pela Anatel. Nunca será proibindo o que veicular, mas diversificando e obrigando que cumpram o que foi solicitado pela Constituição quando outorgado com a benesse pública de um canal de televisão.

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